O Dicionário Crítico de Teologia, que reuniu mais de 250 colaboradores, de uma centena de instituições, representando cerca de quinze nacionalidades, sob a direção de Jean-Yves Lacoste, é das mais relevantes publicações teologias dos últimos decênios. Em primeiro lugar, por ser um dicionário de teologia e, portanto, por pretender apresentar o conjunto de discursos e doutrinas que o cristianismo organizou sobre Deus e sobre sua experiência de Deus, sem que isso signifique negar a existência e a racionalidade de outras práticas e de outros discursos. Em segundo lugar, por ser um dicionário e, portanto, um instrumento universitário posto a serviço da transmissão do saber, que oferece aos leitores um primeiro acesso a mais de 500 objetos teológicos. Seguramente, pode-se esperar desta obra que cumpra as promessas de legibilidade, de honestidade intelectual e de precisão histórica inerentes a seu gênero científico. Enfim, este dicionário quer ser crítico, o que sublinha a condição nativa de todo serviço universitário de verdade. A primeira tarefa de uma razão crítica é criticar-se a si mesma. Portanto, da história "crítica" das doutrinas e da apresentação "crítica" das tradições teológicas, só se pode esperar que tenham pretendido identificar seus verdadeiros objetos, para deixá-los aparecer tais como são, em toda a sua complexidade e, às vezes, em toda a indecisão. A teologia se ocupa centralmente de fenômenos que nunca solicitam a intelecção sem suscitar também a adesão, e o trabalho histórico de discernimento que o Dicionário assumiu como sua finalidade não privará ninguém da necessidade de fazer sua opção pessoal. Mas nunca se crê sem entender, por pouco que seja, da mesma forma que uma fé que busca o entendimento nunca chega ao final do seu percurso de mãos vazias.